sexta-feira, 2 de julho de 2010

"Tarde demais"



Encontrei uma fotografia tua.
Fotografia essa, em que tal como todas as outras, estás simplesmente linda.
Olhei cuidadosamente para ela, e recordei, cada traço do teu belo rosto.
Recordei aquele dia, como se fosse hoje.
Bastou apenas um leve toque para ficar completamente viciado em ti.
Mas não há muito para dizer desta vez, apenas que me sentei ao teu lado, e te vi pela última vez a dormir.



Nestes últimos dias tinha pensado muito em ti.
Já não conseguia viver sem sentir a tua respiração ofegante ao meu lado.
Agarrei então nas minhas coisas, e parti à tua procura.
Não sabia bem onde te encontrar, mas hoje seria o dia em que me ajoelharia diante de ti.
Percorri quase toda a cidade, e nem sinal de ti.
Sentei-m então no meu lugar favorito, da nossa imensa cidade.
Adorava aquele lugar, principalmente à noite.
De lá via-se toda a cidade, cheia de pequenas e trémulas luzes.
Agarrei no meu telemóvel, e procurei desesperadamente pelo teu número.
Já não falavamos desde aquela noite em que discutimos, e saíste casa.
Liguei-te; mas não atendeste.
Deixei-te uma mensagem a dizer, que estava no nosso lugar, à tua espera.
Não tinha esperanças que viesses, mas miraculosamente apareceste, depois de algum tempo.
Via-se perfeitamente que não querias estar ali, e muito menos comigo:
-Kate vieste!- exclamei completamente feliz.
-Diz o que me queres, de uma vez.
-Calma Kate. Vejo que ainda estás chateada.
-Steve eu não estou chateada, até porque não fizeste nada, mas eu já não tenho nada contigo.
Esta última frase deixou-me completamente de rastos, mas tentei mascarar a dor que se arrastava dentro de mim.
-Eu sei Kate, mas... eu amo-te. Amo a nossa história. Volta comigo para casa.
Percebi que tinhas ficado tocada, com o que te disse, mas não me disseste o que queria ouvir.
-Chega Steve. Estou farta disto tudo. Já chega, deixa-me em paz. Deixa-me, seguir o meu caminho.
O sentimento morreu.
-Kate eu sei que ainda me amas. Eu não te sou indiferente.
Ficaste calada durante imenso tempo, até que disseste:
-Sim, tens razão. Eu amo-te ainda mais do que o 1º dia, mas as coisas mudaram. Eu pertenci-te, tu pertenceste-me, mas agora está na hora de mudar o rumo.
Chegou a hora de mudar.
-Não Kate. Não quero, nem consigo.
-É o melhor.
-Não, não é Kate. Eu tentei ser perfeito, eu tentei amar-te mais do que tudo, eu tentei fazer-te feliz, eu tentei poder dizer que eras minha. Mas não me deste essa oportunidade, e agora apenas tento ouvir a tua voz, e ver as nossas últimas fotografias.
Contento-me apenas a olhar para ti.
-Steve tu foste a minha vida, mas já não és.
-Kate chegou a hora de voltarmos a sentir.
-Não posso, não quero voltar a sofrer.
-Tu não vais sofrer Kate, eu não vou deixar. Eu por ti morria.
-Steve eu não posso, eu quero, mas não posso.
-Não podes, ou não queres?
-Tenho medo Steve, e além disso surgiu outra pessoa Steve.
Estas palavras acabaram comigo.
-Ele faz-me feliz, e quero ficar com ele.
-É a tua última escolha?
-É, e não vou mudar de ideias.
Morri por dentro., e desisti.
-Foi bom enquanto durou, Kate.
-Foste um grande amor Steve.
-Adeus Kate.
Levantei-me, e andei até à rua mais próxima, esperando que viesses atrás de mim.
Mas não vieste.
Não tinha mais nada que me prendesse.
Andei até à estrada mais próxima.
Caminhei livremente no meio desta, até que desapareci.


Tu não estavas de consciência tranquila, porque sabias que o que me tinhas dito não era verdade.
Correste ao meu encontro, e rapidamente chegaste á estrada onde miraculosamente desapareci.
Quando lá chegaste, apenas viste uma fotografia nossa, manchada com o meu sangue, onde se lia:
-Recorda-me, tal como eu te recordarei sempre.