terça-feira, 15 de junho de 2010

"Tudo tem um fim"



 
Caminhava apressado, no meio daquela multidão que me roeadava.
Não me saía da cabeça o teu telefonema.
Tinham passado 2 anos, e ligaste-me do nada, dizendo:
-Preciso de falar contigo, há muito por dizer.
-Onde?-perguntei logo eu.
-No parque onde nos vimos pela primeira vez.
Eu já nem pensava direito, mas disse logo que lá estaria.
-Então até amanhã, às 15:00.
Desligaste.
Eu nem me apercebi logo.
Os meus pensamentos, vagueavam por entre os nossos vários momentos.
Tinha passado bastante tempo.
Aliás, tempo demais, mas ainda não me eras indiferente, ainda te queria loucamente.
Pousei então o telefone no descanso, e senti que te queria mais que nunca.
Regressei a mim, e continuei a caminhar no meio daquela multidão.
Cheguei mais cedo do que o previsto ao parque, e escolhi o banco, onde outrora me sentei e admirei todo o teu perfeito ser.
Sentei-me.
Recordei novamente, todo o tempo que passei contigo, até que senti uma mão nas minhas costas:
-Jeremy?
Reconheci imediatamente a tua doce e calma voz.
Levantei-me, e abracei-te com toda a força que tinha.
-Tinhas assim tantas saudades minhas?- perguntaste.
-Nem imaginas quantas! - respondi-te eu calmamente.
Sentamo-nos.
Começaste a falar, mas eu nem estava a prestar atenção.
Estava completamente focado nos teus belos olhos.
A sua cor castanha, envolvia tanto mistério e beleza, que atraía qualquer um.
-Ouviste Jeremy?
Rapidamente te respondi:
-Sim sim.
-E reages assim? Sinceramente, pensei que agisses de outra forma, mas afinal enganei.
Foi aí que percebi que não era uma boa notícia; pelo menos para mim.
-Sabes que isso não é verdade. Lutei demasiado por ti, e tu nunca deste o devido valor. Mas repete lá novamente- exclamei.
Lá começaste a falar novamente.
-Desde o primeiro dia que me atraíste com o teu ar descuidado, mas também com o teu lado querido e rebelde. Mas também sempre hou o Sam.
Ele sempre gostou de mim, e eu também lhe achava piada.
Mas não era nada como tu.
Demorei a perceber isso, e talvez seja tarde demais. Foi por tudo isto que parti sem explicação há 2 anos atrás, e estive este tempo todo sem te dizer nada.
Continuaste a falar, mas eu bloqueei nesta última frase tua.
Tudo fazia sentido agora.
Há 2 anos, sabias o quanto eu te amava, e tudo o que fiz para te ter.
Rapidamente percebi que também me amavas, e iniciamos um novo caminho juntos.
Tinhamos combinado naquela noite, encontrarmo-nos neste preciso parque.
Esperei ansiosamente neste preciso banco, envelhecido, até que adormeci e apenas acordei na manhã seguinte.
Desde então que te tinha procurado por todo o lado.
Vivia com o doloroso sentimento de pensar que não passava de um inútil e estúpido amor.
Amava-te ainda mais desde então.
Sentia que estava a desfazer-me por dentro.
Regressei à conversa:
-Ele obrigou-me a sair do país, e a prometer-lhe que nunca mais te via.
Eu não queria, nunca quis. E nem quero.
Mas fi-lo porque ele ameaçou que te matava, e eu era incapaz de viver sem saber que estavas bem.
Por isso parti, e tenho-me submetido a ele.
Intervim:
-Porque não me contaste? Teríamos arranjado uma solução.
-Nao tive tempo Jeremy. E tinha medo de te perder.
-Pois mas deixaste-me perder-te e pensar que não me querias.
-Não era essa a minha intenção!-exclamaste.
-Mas foi o que aconteceu.
-Jeremy eu amo-te.
-E eu a ti Marilyn.
-Deixa-me acabar Jeremy. Gosto da tua forma de ser, gosto dos teus olhos, gosto dos teus lábios, gosto da tua personalidade, gosto do teu cabelo, gosto de tudo o que és e representas para mim. Gosto de gostar de ti.
Mas ... tenho uma má noticia para te dar. Eu não quero, mas vou casar-me com o Sam.
-TU O QUÊ?
-Foi o que ouviste.
-Mas se não queres, porque o fazes? Nós podemos encontrar uma solução.
-Não não podemos. Não há solução, para isto Jeremy. Não há nada a fazer, nem a dizer, aqui e agora.
-Marilyn, agora que te reencontrei não te quero perder novamente. Quero que faças parte, da minha vida. Quero viver loucuras contigo. Não tens noção, quero tanta coisa contigo.
-Também eu Jeremy, mas não posso, há uma razão muito forte por detrás de isto tudo.
Levantaste-te rapidamente e começaste a andar.
Puxei a tua mão, e olhei-te intensamente nos olhos.
-Até sempre, Jeremy.
Beijaste-me louca e apaixonadamente.
Partiste.
Fiquei ali, em pé, sem fazer nada, sem reacção a ver-te partir.
Quando deixei de te ver, comecei a andar até à ponte, e debrucei-me sobre o corrimão.
Olhava a água a correr calmamente.
Tinha o teu rosto fixado nos meus olhos.
Subi para cima do corrimão.
-Talvez nos encontremos numa outra vida; amei-te até ao último segundo.
Saltei.