quinta-feira, 6 de setembro de 2012

"Melodias únicas (?)"



Acreditas que a tua esfera é somente tua?
Que nada tem de igual ou semelhante a todas as outras esferas que vagueiam em busca da melodia que as complete?
Não acredites nisso, não cries ilusões, não sejas hipócrita.
É verdade que todos têm o seu mundo, à sua maneira. Tu tens o teu, eu tenho o meu.
Mas mesmo mundos diferentes acabam por se confundir, e tornarem-se um só.
Não acreditas?
Esconde-te então no teu mundo, prende-te a essa (ilusória) ideia de que a tua realidade não é a realidade do outro.
Continua, não deixes de lado essa ilusão, lê o que aqui (te) escrevo, mas sem nunca acreditar!
Continuas com essa ideia? Óptimo, continuemos então.
Se cada mentalidade é diferente, não é verdade que sentimos todos falta de alguém?
Não passamos todos pelo mesmo?
Não estivemos já todos no nosso mundo, iludidos com a nossa (aparente) felicidade, que acabou por desaparecer quando perdemos a melodia que a alimentava?
Não acabamos todos por nos deixar levar por um (novo) mundo que do nada chegou, e que acabou também por do nada partir?
Não queremos todos que esse mundo volte?
Não ansiamos inquietantemente, por uma palavra desse mundo?
Uma mensagem a meio da noite?
Não desejamos todos que esse mundo se torne, mais uma vez, o nosso?
Que chegue com a sua melodia e nos enfeitice novamente?
Não sonhamos todos em voltar a sentir? Sentir aquela sensação de segurança, de desejo, aquele calor intríseco, aquele bem-estar?
Não queremos todos olhar o mundo (que já foi nosso), e voltar a descobrir os seus (doces) lábios?
Não queremos apenas (re)unir esses 2 mundos? O teu e o meu?
Não queres também tu voltar a iludir-te com essa melodia que tinhas como única, como vossa?
Essa doce melodia, que fluí naturalmente quando dois mundos se encontram entre tantos outros?
Não sentimos todos falta daquele abraço? Daquele cheiro? Daquele beijo roubado entre sorrisos?
Não quer também a tua esfera ser acariciada?
Não acaba também ela por viajar no tempo ao som das recordações, quando encontras aquela melodia que uniu os vossos mundos?
Não te doí quando vês o mundo que já foi teu, a amar um novo mundo? A descobrir novos lábios, novos corpos?
Não estiveste também tu inúmeras noites com o teu pensamento enfeitiçado nesse (teu) outro mundo?
Não acaba por ser o teu orgulho a impedir-te de voltar a tratar esse mundo como teu?
Não é essa tua vontade de que seja o outro mundo a perguntar pelo teu, que te deixa num canto? Que te impede de reencontrar a (vossa) melodia?
Não continuas a controlar todos os mundos que se aproximam do que já te pertenceu?
Esferas semelhantes, não?
É que não defini nomes, mas tal como o meu mundo, também tu pensaste naquele que já foi teu.